Campanha “Setembro Amarelo” ilumina Ponte da Esperança
Para marcar a campanha de prevenção ao suicídio, Ponte Estaiada recebe iluminação especial na cor amarela, nesta terça-feira (20/09)
A Ponte da Esperança, cartão postal de Hortolândia, tem nova cor, desde a noite desta segunda-feira (19/09). Agora, chama a atenção da comunidade para a prevenção ao suicídio, tema da campanha “Setembro Amarelo”. De acordo com a Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Estratégico, a iluminação especial, que substitui o roxo da campanha sobre a Fibrose Cística, permanecerá até o final deste mês. Durante o ano, a Prefeitura aciona a iluminação decorativa especial na ponte para conscientizar os moradores sobre datas e campanhas importantes em âmbitos nacional e internacional.
Além da iluminação especial na ponte, a Prefeitura promoverá capacitações sobre suicídio para profissionais de Saúde e de Educação do município. O objetivo é qualificá-los para que estejam aptos a reconhecer, identificar e orientar pessoas que apresentem comportamento suicida, e oferecer-lhes auxílio e, conforme a necessidade, encaminhá-los para que recebam atendimento, acompanhamento e tratamento especializados oferecidos pela Prefeitura.
A campanha “Setembro Amarelo” surgiu nos Estados Unidos, por causa de um adolescente chamado Mike Emme, de 17 anos, que cometeu suicídio, em 1994. O jovem tinha um carro na cor amarela. No velório, a família e os amigos distribuíram cartões com fitas amarelas para sensibilizar pessoas que estivessem com algum transtorno mental para que procurassem ajuda. A partir daí, a campanha se espalhou em escala mundial.
Unidade de referência
Apesar de ser um tema delicado e ainda considerado tabu na sociedade, o suícidio é um problema de saúde mental que tem preocupado autoridades governamentais e médicas em nível mundial. De acordo com a estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), órgão vinculado à Nações Unidas, anualmente ocorrem 800.000 suicídios no mundo. Já de acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 2010 a 2019 foram registrados no Brasil 112.116 suicídios, com aumento de 43% no número anual de óbitos, de 9.454, em 2010, para 13.523, em 2019.
A Secretaria de Saúde ressalta que o comportamento suicida pode ser agravado por algum transtorno de saúde mental. Nesse caso, a orientação é que pessoas com algum transtorno mental devem procurar atendimento nas UBSs (Unidade Básicas de Saúde). Conforme a avaliação feita pelo especialista da unidade, o paciente será encaminhado para o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial)-Vida, órgão da Secretaria de Saúde. Dependendo de cada caso, o paciente recebe acompanhamento e tratamento conjunto da UBS que o atendeu e do órgão.
O CAPS-Vida é a unidade de referência em Hortolândia para atendimento, acompanhamento e tratamento de pacientes com transtornos mentais complexos e persistentes. O órgão tem equipe multidisciplinar composta por profissionais de psicologia, assistência social, enfermagem, entre outras especialidades.
O órgão funciona de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h, e está localizado na rua João Cancian, 161, Parque Ortolândia. Os telefones de contato são (19) 3819-6852 e (19) 3865-4890. O ógão também realiza atendimento por demanda espontânea. De acordo com o órgão, 699 pacientes recebem acompanhamento atualmente.
Atenção com sinais
A coordenadora do órgão, Vanessa Faleiros, explica que o suicídio tem causa multifatorial, envolvendo questões de diversos âmbitos. Muitos casos, inclusive, estão associados à presença de transtornos mentais sem o adequado tratamento.
A coordenadora orienta que deve-se ficar atento com alguns sinais e sintomas que pessoas com comportamento suicida posssam demonstrar, que são os seguintes: mudança de comportamento, perda de interesse em fazer coisas antes prazerosas para a pessoa, isolamento, apresentar sentimentos de culpa, inutilidade, desespero e desesperança, falar sobre como seria melhor estar morto ou, ainda, falar de maneira subentendida por meio de frases como “Quero desaparecer”, “Vocês não vão sentir minha falta”, “Eu sou um peso para as pessoas”, fazer despedidas disfarçadas, mudanças no padrão de sono e alimentação, entre outros.
Mais óbitos entre público masculino
De acordo com dados da Secretaria de Saúde, em Hortolândia as notificações de tentativas de suicídio têm registrado tendência de queda, com aumento apenas em um ano. Os dados são referentes a tentativas por ingestão de substâncias tóxicas (intoxicação exógena). Em 2019, houve 157 notificações de tentativas, das quais 112 por mulheres, 45 por homens e um óbito masculino. Em 2020, foram registradas 135 notificações, sendo 100 por mulheres, 35 por homens e nenhum óbito. Em 2021, foram 158 notificações, das quais 119 por mulheres, 39 por homens e um óbito masculino. Neste ano, até o momento foram registradas 95 tentativas, das quais 66 por mulheres, 29 por homens e nenhum óbito.
A coordenadora Vanessa Faleiros explica que homens buscam meios mais letais de suicídio, e por isso o número de óbitos é maior entre esse público. Já o público feminino tende a cometer mais tentativas. “Em razão do pensamento machista que ainda existe na sociedade, os homens preferem não buscar ajuda para enfrentar o problema que estão tendo e, por isso, procuram meios mais letais para tirar a vida. Já o número de tentativas de suicídio é maior entre as mulheres, que buscam meios mais sutis. E, por vezes, conscientemente ou não, elas tentam assim chamar a atenção para o problema que estão vivenciando, que, na verdade, é um pedido de ajuda”, avalia Vanessa.
O CAPS-Vida também faz o acolhimento e oferece apoio para familiares, parentes e amigos de pessoas que tenham morrido por suicídio. “Em virtude da perda, essas pessoas também sofrem com o sentimento de culpa, de que poderiam ter feito algo para ajudar a pessoa que se foi. Por causa disso, essas pessoas estão mais propensas ao adoecimento e também ao comportamento suicida. Por isso, é importante que elas também sejam acolhidas e que recebam apoio e cuidados”, salienta a coordenadora.
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