Roda de conversa virtual sobre autismo reúne 50 pessoas em Hortolândia
No mês em que o mundo se mobiliza em torno do TEA (Transtorno do Espectro Autista), um debate promovido pela Prefeitura de Hortolândia reuniu cerca de 50 participantes, em uma roda de conversa, para trocar experiências e informações sobre o tema. O evento, intitulado de “Autismo: pelo direito de ser quem é”, foi realizado, na noite da última quarta-feira (14/04), via plataforma Zoom, em razão da pandemia do Coronavírus.
A iniciativa do Departamento de Direitos Humanos e Políticas Públicas para Mulheres da Secretaria de Governo, com o apoio do CMPCD (Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de Hortolândia), buscou marcar o Dia Mundial do Autismo, que acontece em dois de abril. Além disso, para chamar atenção para a causa, a Ponte da Esperança também se iluminou de azul, a exemplo do que acontece em outros locais do mundo.
O encontro reuniu agentes municipais, autistas e pais de pacientes, assim como profissionais e estudiosos da área. No chat de mensagens, uma mãe registrou seu agradecimento: “Quero aqui agradecer o acolhimento dos profissionais da cidade de Hortolândia por ter acolhido minha família. Viemos de São Paulo, com meu filho de 11 anos, sem nenhum diagnóstico. Porém, eu já tinha alguma ideia que ele teria algum transtorno. Em São Paulo, não conseguimos ajuda nem na escola, nem da rede pública de saúde. Graças a Deus, aqui a escola nos apontou a suspeita e nos encaminhou para os locais responsáveis. Hoje ele está bem, se desenvolvendo da melhor forma possível, Agradeço mesmo toda a equipe de inclusão desta cidade”, compartilhou Silvana Bueno.
Ao final da roda de conversa, os participantes registraram em uma “nuvem de mensagens”, as impressões sobre o encontro: aprendizagem, conhecimento, inclusão, maravilhoso, ótimo, importante pra esclarecer, inclusão, acolhimento, esperança e vida foram alguns dos atributos.
Segundo Regina A. dos Santos Loureiro, organizadora do evento, a roda de conversa foi muito satisfatória. Em agosto deste ano, a Administração Municipal planeja realizar um mês de conscientização sobre todas as deficiências.
Sobre o autismo
Segundo a Revista Autismo, esta é “uma condição de saúde caracterizada por déficit em duas importantes áreas do desenvolvimento: comunicação social e comportamento. Não há só um tipo de autismo, mas muitos subtipos, que se manifestam de uma maneira única em cada pessoa. Tão abrangente que se usa o termo ‘espectro’, pelos vários níveis de comprometimento — há desde pessoas com outras doenças e condições associadas (comorbidades), como deficiência intelectual e epilepsia, até pessoas independentes, com vida comum, algumas nem sabem que são autistas, pois jamais tiveram diagnóstico.”
De acordo com a coordenadora da Educação Especial e Inclusiva da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, Regina Célia Dias A. Shigemoto, a ONU estima que aproximadamente 1% da população mundial esteja dentro do espectro do autismo, a maioria sem diagnóstico ainda.
“O que temos observado em Hortolândia, como no mundo, é que, a cada ano, temos um número maior de crianças com diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo em nossas escolas e também com menor idade. Este fato nos alegra, pois sabemos que, quanto mais precocemente iniciarmos os atendimentos e o convívio escolar, melhor será o desenvolvimento desta criança. Há um esforço grande da rede de atendimentos do município, seja na UBS (Unidade Básica de Saúde), seja no CIER-Saúde (Centro Integrado de Educação e Reabilitação), seja no CAPSij (Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil), seja na rede regular de Ensino, por meio da Coordenação de Educação Especial e Inclusiva. A maioria das crianças com diagnóstico do TEA está incluída na rede regular de ensino. Atualmente 192 crianças participam das atividades escolares e são acompanhadas uma ou duas vezes na semana pelo professor de AEE (Atendimento Educacional Especializado) e algumas são pelo CIER-Saúde e o CAPSij, nas áreas de fonoaudiologia, psicologia e terapia ocupacional”, ressalta a especialista.
Além disso, a Prefeitura disponibiliza, gratuitamente, formação continuada aos professores do AEE e formação esporádica aos profissionais da Educação, via simpósios que acontecem a cada dois anos e palestras pontuais nas escolas, na semana de formação oferecida pela Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, por meio da Coordenação da Educação Especial e Inclusiva e com parcerias com a Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo) e o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência.
A Administração Municipal passou a emitir, desde dezembro de 2020, a CIA (Carteirinha de Identificação do Autista). A medida, além de auxiliar familiares e portadores do TEA, em situações de convivência com a comunidade, permitirá ao Poder Público identificar quantos autistas há no município e desenvolver políticas públicas para o segmento.
Algumas dicas para lidar com pessoas com TEA:
• Tenha paciência, persistência, amor e procure compreender o que cada comportamento quer te dizer;
• Não faça por ele, estimule-o a executar a tarefa;
• Estabeleça rotina – de preferência visuais; aos poucos, vá acrescentando outras tarefas;
• Sempre que a rotina for alterada, converse antecipadamente sobre a mudança;
• Procure descobrir o que o incomoda – sons altos, muitas luzes, sabores de alimentos, multidões etc;
• Procure descobrir seus interesses; este será o caminho para você se aproximar e ajudá-lo a desenvolver-se;
• Procure respeitar quando perceber que ele precisa ficar sozinho, ou repetir movimentos ou palavras, compreenda que ele utiliza deste comportamento para reequilibrar-se;
• Brincar de esconde-esconde (aqui você tem que pensar onde seria difícil pra outra pessoa te encontrar, tem que prever acontecimentos);
• Ofereça brinquedos, jogos diferentes;
• Mostre-o no espelho;
• Estimule-o na coordenação motora global, equilíbrio, percepções, sentidos, etc;
• Construa bonecos com diversos materiais e diversas texturas;
• Brincar de teatro (cada um é uma personagem e juntos podem construir como ela pensa, age, veste);
• Jogo de mímica em que um finge que é algo para outro adivinhar (a criança tem que se colocar no lugar da personagem, animais, para imitá-lo);
• Jogo de perguntas para dedução (a criança vai ter que analisar as perguntas para ver qual resposta se encaixa melhor);
• Planejar programas em família! (pensar no que cada um gostaria, no que pode acontecer e prevenir se pode acontecer algo inesperado como uma chuva… se acontecer, o que fazer?);
• Adivinhações e enigmas (o que é o que é, qual é a música, qual é o filme, brincar de detetive);
• Piadas;
• Ver filmes, desenhos ou novelas juntos para explicar as brincadeiras (senso de humor) e o sarcasmo e também os sentimentos (porque a personagem chorou ou ficou preocupada?);
• Colocar figuras em ordem para formar uma historinha (previsibilidade);
• Quebra cabeças (previsibilidade);
• Jogos de tabuleiros (previsibilidade, esportiva, saber lidar com frustração e espera).
• Jogos geradores de conversas como o Puxa Conversa e o que você faria se...
• Playmobil (Se colocar no lugar de personagens em castelos, florestas, etc)
• Vídeo game, tablet (previsibilidade, frustração, persistência – junte-se a ele, não o deixe isolado)
• Criar funções diferentes para o mesmo objeto (banana vira telefone, vira uma meia lua, etc)
• Desenhar rostos no quadro ou caderno de acordo com o sentimento falado ou a história contada; na escola procure trabalhar sempre que possível dentro do mesmo conteúdo que está sendo oferecido para sala, talvez seja necessário diversificar as estratégias.
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