Atenção e acolhimento fazem diferença na prevenção ao suicídio
Semana de Valorização da Vida chama atenção para necessidade de reconhecer sinais e oferecer ajuda a pessoas com pensamento suicida
Na próxima semana, a Prefeitura de Hortolândia promove, a partir da segunda-feira (18/09), programação especial pela Semana de Valorização da Vida. O mês de setembro é conhecido como Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio. Neste sentido, as mobilizações propostas pelo município têm como objetivo despertar a necessidade de identificar e acolher pessoas com pensamento suicida, numa abordagem preventiva. Em Hortolândia, o órgão responsável por atender e acompanhar estas ocorrências são os Caps (Centro de Apoio Psicossocial), por meio da rede de atenção psicossocial do município. A psicóloga Ivanilde Martins Antonelli, que atende no Caps Vida, traz algumas orientações que podem evitar a tentativa de suicídio e salvar vidas.
“Não é só o paciente psiquiátrico que comete suicídio. Isso é um mito. Pessoas com a vida organizada também podem pensar em se suicidar, seja por problemas financeiros, sociais ou emocionais para os quais ela considera que não há outra saída. Por isso, é importante observar alguns sinais, que nem sempre são claros”, diz a psicóloga.
Entre as atitudes e sintomas mais comuns da pessoa com pensamento suicida estão: dificuldades em lidar com atividades do dia a dia, falta de esperança, isolamento social e tristeza persistente. “Estes sintomas são diferentes daquele desabafo que as pessoas eventualmente podem fazer ao enfrentar dias mais difíceis. Ao contrário, são queixas que duram vários dias ou semanas”, explica. Algumas pessoas planejam o suicídio, organizam mentalmente como consumar o ato, mas algum evento faz com que mude de ideia e desista. Como estas são situação que parecem ser banais, muitas vezes, não recebem a atenção necessária.
Caso uma pessoa apresente estes comportamentos, a família ou os amigos precisam entender que não é uma “frescura”. Recomendações como “vai passar” ou “você é bonito e não precisa disso” não ajudam quem está com pensamento suicida. “Essa pessoa precisa ser acolhida e ouvida, pois ela tem uma queixa real e precisa de ajuda especializada. Familiares e amigos devem procurar auxílio na unidade de saúde mais próxima de casa”, orienta a psicóloga. Nas USFs e UBSs, médicos avaliam a necessidade de acompanhamento psicológico, que pode ser realizado pelas equipes locais da rede de atenção psicossocial, por profissionais do Caps ou especialistas da rede privada, de acordo com o encaminhamento.
Apesar de todas as orientações, existe dificuldade em identificar alguns indícios de pensamento suicida, uma vez que a tentativa pode ocorrer repentinamente. “Algumas pessoas acumulam situações que não conseguem dividir com quem convive. Num momento de impulsividade, pode acontecer a tentativa de suicídio mesmo sem planejamento ou sinais”, diz Ivanilde.
Vigilância e acompanhamento
Neste ano, 45 pessoas tentaram suicídio em Hortolândia, sendo que uma conseguiu concretizar o ato. Em 2016, foram 63 tentativas e quatro mortes. Os dados são do Departamento de Saúde Coletiva da Prefeitura de Hortolândia, que apura os atendimentos médicos por meio da ficha de notificação compulsória.
As pessoas que já atentaram contra a própria vida são consideradas com alta intencionalidade para o suicídio e precisam ter uma rede ampla de vigilância e acompanhamento, para evitar novas ocorrências. “Além destas pessoas, aquelas que mudam seu comportamento de forma repentina e começam a se despedir, organizar seus bens de forma a ‘deixar tudo pronto para depois de morrer’, que falam muito do passado e não fazem planos para o futuro, também são pessoas com alta intensionalidade e que precisam de atenção especial”, enfatiza Ivanilde.
Outro grupo de pessoas que necessita de acompanhamento é o de familiares de quem cometeu suicídio. “Este trabalho é chamado de ‘pósvenção’, um acompanhamento para quem vive o luto da perda real, o contrário de prevenção. São familiares e amigos que perderam alguém e, pelo convívio com a ausência, se tornam vulneráveis e fragilizados”, alerta a psicóloga. O acompanhamento psicológico, seja em grupos, em terapia individual ou por profissionais especializados, é importante para proteger a vida das pessoas em luto. Por isso, elas também precisam buscar ajuda nas unidades de saúde.
Programação - Semana de Valorização da Vida
Na segunda-feira (18/09), a abertura da Semana de Valorização da Vida acontece às 7h30, com uma caminhada saindo da USF Jd. Amanda Amanda em direção à lagoa do bairro. Esta atividade acontece em parceria com o Centro de Convivência da Melhor Idade, mas o evento é aberto ao público em geral. Na chegada a lagoa, os participantes terão uma aula de Lian Gong, técnica de ginástica chinesa.
Na quarta-feira (20/09), às 8h30, na lagoa do Jd. Amanda, haverá aula de dança com a professora de Kátia Santos Pereira, na ação “Tire uma hora para dançar”. Haverá, ainda, prática de Lian Gong.
Sexta-feira (22/09), às 8h, a USF Jd. Amanda receberá um voluntário do CVV (Centro de Valorização da Vida) de Americana, que falará sobre o trabalho da entidade que atende gratuitamente, por telefone, pessoas que precisam desabafar. O número do serviço é (19) 3406-4111. Nesta mesma data, a USF promoverá a palestra “O que é Saúde Mental e como podemos cuidar dela?”, com a psicóloga Paola Xavier, que atende no Caps Infantil de Hortolândia.
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