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Moradores relembram tempos de Jacuba, antigo nome de Hortolândia

Moradores relembram tempos de Jacuba, antigo nome de Hortolândia

Estação Jacuba era local de entretenimento para jovens da época; Hortolândia se destacava como cidade sossegada

Entre lembranças e nostalgia, famílias tradicionais, que viram grandes transformações no município, desde as Sesmarias, têm agora a oportunidade de reviver os bons tempos no Centro de Memória de Hortolândia “Professor Leovigildo Duarte Júnior”. No espaço da Prefeitura, administrado pela Secretaria de Cultura, há fotos, documentos e objetos de uma época que deixa saudade em muitos moradores, pessoas que passaram a vida toda na cidade. 

O Centro de Memória será inaugurado neste domingo (28/09), às 9h30, pelo prefeito Antonio Meira. O espaço fica na antiga Estação Jacuba, na Rua Rosa Maestrello, nº 02, Vila São Francisco de Assis, na região central. A visitação ao espaço, gratuita e livre para todas as idades, acontece de terça-feira a domingo, das 9h às 17h.

Sossego por toda a parte

Sossego. É esta a característica da antiga Hortolândia mais apontada, que desperta saudade nos moradores que viram a cidade surgir e crescer cada vez mais.

Nelson Blumer, de 72 anos, nasceu em Hortolândia. Sua família veio da Alemanha e se dividiu entre diversas cidades do interior paulista, entre elas, Campinas, à qual pertencia o território do que um dia se tornaria Hortolândia. Trabalhou na antiga Cerâmica Sumaré e também negociava terrenos locais. Possui até hoje um mapa da cidade do ano de 1947.

Até 1975, Blumer morava na região do Jd. do Bosque, próximo ao “Hospital Municipal e Maternidade Governador Mário Covas”. Atualmente, sua casa fica no Remanso Campineiro, próxima, justamente, da Cerâmica em que trabalhou. 

“Via tropas passando, boiada, carros de boi e carroça. Não tinha carro na cidade”, conta Blumer, relembrando os velhos tempos. Segundo ele, as outras opções eram ir de charrete para Campinas e São Paulo ou ir de trem. “Eu sempre ia à Estação Jacuba para trabalhar em Campinas ou ir a Americana. Na época, muitos jovens iam à Estação para ver o trem passar e conversar”, destaca.

Nelson se lembra com saudade das viagens de trem que realizou. “Era tranquilo viajar de trem, tinha bons vagões, restaurante, artistas que iam tocando viola e sanfona durante a viagem. Um dia, conheci até uma cantora assim”, relembra.

O resgate da história de Hortolândia e da Estação Jacuba, por meio do Centro de Memória, é algo muito bom, afirma Nelson Blumer. “É uma alegria ver que a cidade, que antes era mato, cresceu tanto. É um orgulho ter essa lembrança”, declara Nelson, que atualmente participa do grupo Pioneiros do Catira do município. A dança, realizada em equipe, é apresentada ao som da viola e conduzida pelo ritmo de bate-pés e palmas, seguido por cantoria.

Namoro com ajuda do trem

Além de entretenimento, ir à Estação Jacuba já deu até casamento. É o caso de Francisco Ghiraldelli de Camargo, descendente de indígenas e italianos, nascido e criado em Hortolândia. Em novembro, Francisco completa 73 anos e sua vida em terra hortalandense é repleta de memórias. “Viajava todo dia de trem para trabalhar. Na época, o trem era tudo para a gente”, diz. “A Estação era a coisa mais linda. Muita gente se aglomerava lá para dar tchauzinho para as pessoas do trem”, relembra.

Conheceu a esposa Neusa no baile realizado em um clube que havia na atual Praça Neusa Maria Marchetti Francisco, na Vila São Francisco. A partir daí, passou a se encontrar com ela na antiga Estação Jacuba e a ir visitá-la de trem. O relacionamento transcorreu tão bem que Francisco e Neusa estão casados há 51 anos.

Ele lembra como era bom viajar de trem antigamente. “Era confortável, tinha muitos vagões, comida, bebidas. Além disso, a gente fazia amizade com as pessoas”, ressalta seu Francisco.

Sobre o crescimento de Hortolândia, diz que é um progresso que nunca viu igual. “Antes, dava para contar as casas daqui nos dedos. Tinha que comprar tudo em Campinas e, quando alguém morria, todo mundo ficava sabendo”, comenta. “Hortolândia cresceu de repente, virou um fenômeno”, avalia.

Ghiraldelli lembra também que, na época da emancipação, quando Hortolândia ainda pertencia à Sumaré, muita gente passava o domingo todo juntando assinaturas para pedir a independência do município, antes conhecido como Jacuba. “Eu fiz parte disso, pois também queria que virasse cidade”, afirma.

As lembranças presentes no Centro de Memória, de acordo com Francisco, serão mostradas às futuras gerações. “É de emocionar a gente poder chegar e mostrar Hortolândia para os netos”, declara.

Atualmente, Francisco também participa do grupo de Catira municipal, dança que aprendeu aos nove anos e voltou a praticar recentemente.

Jacuba

Antes de se tornar Hortolândia, o território onde atualmente se encontra a cidade pertencia a Campinas, até 1953. Posteriormente, o espaço se tornou propriedade de Sumaré, o que se prolongou até 1991, quando Hortolândia se tornou cidade.

Estima-se que a primeira referência ao atual município tenha ocorrido na Carta de Sesmarias, de 1799. Na carta, é citado o Ribeirão do Engano, o qual, segundo historiadores, é o Ribeirão Jacuba, que atravessa o território da cidade.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),“Jacuba” significa “água quente”. A referência se deve a uma bebida, muito consumida no País desde o período colonial até meados do século XX.

Visitação

O Centro de Memória de Hortolândia, local onde o passado e o presente se encontram, resultando em exposições permanentes e temporárias, é administrado pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura.

A visitação ao espaço é gratuita e livre para todas as idades. O Centro de Memória abre diariamente, exceto às segundas-feiras, das 9h às 17h.

 

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