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Aliança entre mulheres é tema de palestra em Hortolândia

Aliança entre mulheres é tema de palestra em Hortolândia

Evento da Prefeitura, realizado nesta sexta-feira (07/12), reuniu cerca de 80 pessoas, a maioria mulheres, em debate acerca da Sororidade 

 

O que é Sororidade? A palavra, ainda desconhecida pela maioria, significa uma proposta de união e aliança entre mulheres, baseada na empatia e no companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum. Equivale à Fraternidade, termo que aponta para a união entre… os homens. Este foi o tema da palestra promovida pela Prefeitura de Hortolândia, no auditório da Câmara Municipal, no Parque Gabriel. O debate reuniu cerca de 80 pessoas, a maioria mulheres, moradoras da cidade, dentre elas, integrantes da Cooperativa de Reciclagem Águia de Ouro e da entidade Casa de Apoio Mulheres de Fé. 

Voltada ao público feminino, a palestra foi ministrada pela advogada Raquel Tamassia Marques, conselheira estadual da OAB/SP (gestão 2016/2018), a convite do Departamento de Direitos Humanos e Políticas Públicas para Mulheres da Secretaria de Governo, em parceria com o CMDM (Conselho Municipal dos Direitos da Mulher). Raquel é membro das Comissões de Direitos Humanos e da Mulher Advogada da OAB/SP e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Campinas (gestão 2014/2016).

Segundo ela, as mulheres “são tão desunidas que nem palavra tínhamos para marcar nossa união”. Daí o uso do termo derivado de “sóror”, emprestado do universo religioso, que designa “irmã”, mulheres unidas como irmãs. 

Esta visão distorcida, afirma a palestrante, tem razões sobretudo culturais. Ao longo do tempo, a história contada de um único ponto de vista, predominante (o dos homens), contribui para criar o que chama de “mito da inimizade feminina”, tão bem repassado em contos de fadas, como os de Cinderela e Branca de Neve, contados de geração em geração. No primeiro, uma garota órfã sofre maus-tratos nas mãos de três mulheres más: a madrasta e suas filhas; na segunda, outra garota órfã é perseguida pela madrasta, que, por ciúme de seus encantos, tenta matá-la repetidas vezes.

“Precisamos refletir sobre a união feminina, quebrar e rever estes padrões culturais impostos. A proposta é provocar uma reflexão e mudar atitudes no dia a dia”, defende a advogada. “As mulheres aprendem culturalmente a disputar, a competir, a criar inimizades, padrões que têm que ser quebrados a partir das próprias mulheres, no linguajar, no comportamento, e buscar espaços exclusivos, como os grupos de encontros, exclusivamente femininos, para compartilhar”, complementa a palestrante.

Para exemplificar a supremacia masculina, Raquel usou um exemplo local. Comparou os painéis de vereadores existentes no plenário da Câmara de Hortolândia: enquanto um deles elenca fotos de seis vereadoras eleitas de 1991 até agora, o outro coleciona retratos dos 11 vereadores que exerceram a Presidência da Casa.

16 dias de ativismo

O debate faz parte da agenda “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher” e integra a programação do evento “Direitos Humanos em Debate”, que se encerra nesta segunda-feira (10/12), com um “Simpósio de Direitos Humanos”, no qual haverá palestra da Prof.a. Dr.a. Néri de Barros Almeida, coordenadora do Observatório de Direitos Humanos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e professora do IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas).

O objetivo da agenda dos “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher” é promover ações para sensibilizar a população no sentido de perceber e enfrentar as diversas modalidades de agressão à figura feminina. Entre 25/11 e 10/12, haverá palestras sobre a “Lei Maria da Penha” e a solidariedade entre mulheres, assim como mobilização contra o assédio sexual (campanha do Laço Branco), além de simpósio para marcar o “Dia Internacional dos Direitos Humanos”. A data, instituída em 1991, é celebrada mundialmente desde 2003, atualmente em mais de 100 países. Confira a programação completa no seguinte link: http://www2.hortolandia.sp.gov.br/images/banners/programacao_direitoshumanos.pdf

Segundo o diretor do Departamento de Direitos Humanos e Políticas Públicas para Mulheres, Amarantino Jesus de Oliveira, o Tino Sampaio, no Brasil a campanha ganhou cinco dias a mais, uma vez que a contagem começou a ser feita no dia 20 de novembro. “Queremos tirar o tema do campo da normalidade. Discutir a situação da violência de maneira ampla. Despertar os homens e sensibilizá-los de que alguns atos habituais podem ser de violência, seja verbal, financeira, de cerceamento de liberdade ou de igualdade de condições. Queremos causar estranhamento para promover a reflexão, uma consciência reflexiva”, comenta Sampaio.

 

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