Pq. Dorothy ganha Casa Sustentável, novo projeto de educação ambiental
Evento de implantação do projeto de educação ambiental aconteceu, na manhã desta sexta-feira (31/05), e contou com a presença do prefeito Angelo Perugini
A partir de agora, um dos principais pontos turísticos de Hortolândia, o Parque Socioambiental Irmã Dorothy Stang, no Jd. Nossa Senhora de Fátima, ganhou mais uma atração: a “Casa Sustentável”, projeto de educação ambiental criado pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. O espaço, aberto ao público, foi inaugurado, na manhã desta sexta-feira (31/05), pelo prefeito Angelo Perugini, em evento que contou com a presença de secretários municipais, moradores do entorno, servidores públicos, estudantes da Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Josias da Silva Macedo e integrantes do CCMI (Centro de Convivência da Melhor Idade) Jd. Amanda e apresentação do Quarteto Cultural Instrumental do CEMMH (Centro de Educação Musical Municipal de Hortolândia).
Estudantes de escolas públicas ou particulares, grupos de amigos e membros da comunidade em geral também poderão fazer visitas monitoradas, agendadas por meio do telefone 3887-2193, a partir de segunda-feira (03/06). O Parque Dorothy está localizado na Rua Manoel Antônio da Silva, 415, no Jd. Nossa Senhora de Fátima. O evento integra a programação que celebra o aniversário de 28 anos de emancipação de Hortolândia, realizado no dia 19 deste mês.
Para Perugini, mais que um projeto sustentável, a construção de uma casinha dos tempos antigos, em uma cidade habitada por migrantes, abre uma janela para que moradores de ontem e de hoje vejam a cidade com olhos de esperança. “Hoje, vivemos a vida tão preocupados com tanta coisa. Ao lembrarmos que este parque, que já foi um lixão, foi revitalizado pela Prefeitura e pela comunidade e virou este espaço tão bonito, abrimos uma janela. Com esta casinha tão linda, também, assim como ontem, com a inauguração da Ponte Estaiada, a nossa Ponte da Esperança. Sabemos que a cidade tem muitos problemas, mas eles não vão tirar o nosso ânimo para construir uma cidade melhor. Vamos buscar outras janelas abertas para nos dar alegria de viver. Precisamos ter felicidade”, ressaltou, parabenizando todos os trabalhadores envolvidos na realização do projeto, dentre eles seu idealizador, o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Nazareno Zezé Gomes.
“O projeto surgiu do desejo de a gente resgatar a nossa história e também fazer uma casa sustentável. É o que a gente vê numa casa de barro, a que chamamos de casa de taipa. Em breve, ele terá até energia solar”, anunciou Zezé. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, além de promover o conceito de sustentabilidade, por meio de atividades de educação ambiental voltadas a estudantes e à comunidade em geral, o projeto resgatará valores culturais da cidade que, em seus primórdios, era ponto de passagem de tropeiros e hoje abriga moradores que, em algum momento da vida, passaram pela experiência de nascer e viver em um lar exatamente assim.
É o caso da dona de casa Clarinda Lopes Garcia, de 59 anos, paranaense de Umuarama, que nasceu e morou até os sete anos em casa de taipa, depois em casa de madeira, e só passou a morar em construção de alvenaria, há 27 anos, quando veio morar na recém-emancipada cidade de Hortolândia, mais precisamente no Jd. Amanda. “Quase chorei quando vi a casinha. Fiquei muito emocionada. Lembrei de minha infância, do meu pai, que era carpinteiro e fez tudo na nossa casinha. Lá tinha quase tudo o que tem aqui: lamparina, lampião, fogão a lenha, janelas, este chuveiro de balde, onde a gente tomava banho. Minha mãe esquentava a água e punha lá”, afirmou ela, relembrando dos pais e dos nove irmãos, nos tempos de infância.
A pensionista Maria Antônia Ferreira Gomes, de 70 anos, hoje moradora do Jd. Amanda, também viveu numa casinha de sapé por dois anos, quando era criança e morava em Iguape, no litoral paulista. “Era bem parecida com esta. A nossa tinha cinco cômodos pequenos, com chão de terra, e uma sala maior, com piso de madeira. Também tinha fogão a lenha. Só saímos de lá porque eu morria de medo de cobra”, relembra ela. “Esta ficou muito bonitinha. É mais uma atração aqui no parque. Mas como é que fizeram esta telha? Não é de sapé”, perguntava, curiosa.
Durante a apresentação do projeto ao público, o coordenador do Núcleo Ambiental, Ricardo Zanoni, explicou que parte do material usado na construção da casa foi doado pela comunidade, por empresas parceiras (como a Rumo, a Tetra Pak e o depósito Santa Izabel), e pelos próprios servidores. O tradicional sapé foi substituído por telhas ecológicas, feitas a base de caixas de leite pasteurizado para evitar atos de vandalismo.
“Vocês sabem como foi feita a massa usada para rebocar? Com barro e terra vindos do Jd. Amanda, mais água e capim do próprio parque e também cocô de vaca. Os servidores amassaram tudo isso com os pés, prepararam todo o barro que foi usado na casa. Uma das paredes ficou sem reboco para que os visitantes visualizassem o que fica por dentro. Usamos arame recozido para que não apodreça com o passar dos anos. Os funcionários doaram objetos e peças para que as crianças conheçam. É muito bom ver idosos e crianças juntos, vendo o projeto”, salientou o educador ambiental.
Para a secretária de Educação, Ciência e Tecnologia, Sandra Fagundes Freire, a casa sustentável oferece aos estudantes da rede municipal a possibilidade de aprender na prática. “Este parque favorece isso. A casinha coroa o projeto ambiental e educacional desenvolvido aqui. Parabéns à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Nunca se plantou tanto nesta cidade, com a participação de nossas crianças, estudantes da rede municipal. Este é um fato de que vão se lembrar para sempre”, ressaltou a gestora. Sandra afirmou ainda que pretende apresentar o projeto à Dirceuza B. Pereira, diretora de ensino da região Sumaré, a fim de estender a possibilidade de visita à casinha aos estudantes das escolas estaduais.
Sobre a Casa Sustentável
A casa é uma construção de pau a pique ou taipa de mão, de 40 m², subdivida em três cômodos, decorados com móveis e utensílios antigos; varanda frontal com banco perto da janela e jardim ao redor. A base foi construída de concreto, afastando-a do solo de 6 a 20 cm. A estrutura recebeu uma camada de “vermelhão”, tipo de piso usado no passado. As colunas foram feitas de postes de madeira tratada, afixada ao chão, com 1,50 m de profundidade, para suportar a cobertura de telhas ecológicas feitas de caixas de leite. As paredes, confeccionadas com caibros na horizontal e bambus entrelaçados, deram origem aos painéis perfurados que foram amarrados com arame recozido, em substituição ao antigo cipó. Após todo esse processo, houve o preenchimento manual dos vãos com barro misturado com capim e esterco de vaca, transformando a estrutura numa “Casa Sustentável”, semelhante à dos tempos dos nossos avós.
O projeto começou a ser realizado em outubro de 2018. Segundo os técnicos da Secretaria de Meio Ambiente, a casa vem sendo desenvolvida a muitas mãos e segue as técnicas aplicadas no passado, porém com algumas adequações a fim de evitar problemas como a presença de animais peçonhentos e a degradação da estrutura.
Em frente à casinha, um painel elaborado pelos educadores ambientais Neide Martins e Carlos Campos mostra ao visitante um conjunto de fotos, com o passo a passo da construção.