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Prefeitura cria projeto para amparar imigrantes que chegam ao município

Prefeitura cria projeto para amparar imigrantes que chegam ao município

Ação foi proposta após Prefeitura ser procurada por grupo de haitianos que se instalou em Hortolândia

 

A Prefeitura de Hortolândia acaba de criar o Projeto de Amparo ao Imigrante. A iniciativa é do Departamento de Direitos Humanos e Políticas Públicas para Mulheres, órgão da Secretaria de Governo. A medida foi tomada após agentes do Departamento serem procurados por um grupo de cerca de 60 haitianos que buscavam ajuda da Administração para melhorar a comunicação com os brasileiros. Localizado no arquipélago das Grandes Antilhas, no mar do Caribe, ao lado da República Dominicana, na América Central, o país tem como línguas oficiais o Francês e o Crioulo. Em princípio, o grupo solicitou à Administração a realização de um curso de português para estrangeiros, o que foi atendido pela Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia. As aulas começam na próxima terça-feira (26/03). No último dia 19, o grupo participou de reunião preparatória com a professora. 

Após a surpresa da abordagem, o Departamento de Direitos Humanos prepara um questionário sobre o perfil socioeconômico-cultural a ser aplicado durante a aula, para que a Prefeitura descubra outras eventuais demandas do grupo. “Quais são as necessidades que têm agora? Seria a regularização de documentos, as condições sociais, os aspectos culturais?”, questiona o diretor Amarantino Jesus de Oliveira, o Tino Sampaio. “Queremos descobrir para fazer o acolhimento destas pessoas, entender as necessidades do grupo e garantir uma melhor qualidade de vida deles aqui, ou seja, auxiliá-los na garantia dos direitos humanos, na integração cultural e na empregabilidade, com outros meios de sustentabilidade”, complementa.

Segundo Tino Sampaio, posteriormente, a ideia é envolver os imigrantes em ações do Departamento, tais como o curso de afro empreendedorismo a ser promovido em abril deste ano, na Casa Quilombola. Por meio do Projeto, a Prefeitura poderá atender, além dos haitianos, outros imigrantes que se instalem em Hortolândia. 

Curso de Português para Haitianos

De acordo com a Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, o curso de português para haitianos é ministrado uma vez por semana, às terças-feiras, à noite, na Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Caio Fernando Gomes Pereira, no Jd. Nossa Senhora Auxiliadora, pela Profª. Vera Lúcia de Andrade dos Santos. O conteúdo é focado na recepção do imigrante estrangeiro, com olhar voltado à cultura e à sociedade brasileira. A Prefeitura usa como referência para a atividade material didático do MEC (Ministério da Educação). O curso tem carga horária de 120 horas e as aulas acontecerão até novembro.

O objetivo é “oferecer condições para que o imigrante haitiano participe de contextos comunicativos que envolvem o uso da língua portuguesa no cotidiano, uma forma de atender à Lei 9.474/97, referente ao Estatuto do Refugiado. Paralelamente a isso, refletir também sobre sua atuação e imersão na cultura brasileira”, esclarece a ementa do curso, documento preparado pela Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia.

Um dos haitianos responsáveis pela articulação junto à Prefeitura para que o curso fosse oferecido é Maxime Myrtil, de 34 anos, que vive em Hortolândia há três anos com a esposa Daline, de 24 anos, também haitiana, e a filha Jéssika, de 10 meses, hortolandense. “Tem muita gente fazendo este curso, que ajuda a trabalhar. Eu trabalho em empresa de ônibus e minha esposa em fábrica de sapatos. Fica mais tranquilo para o dia a dia falar português”, explica Myrtil, já com facilidade na língua portuguesa.

Ele conta que o grupo de haitianos que está em Hortolândia chegou na mesma época que ele à cidade. Porém, alguns ainda não se comunicam na língua portuguesa. “Vou sugerir que o curso tenha duas turmas: uma para quem já está habituado e outra para quem está aprendendo agora. Vai ficar mais fácil aprender assim”, diz.

O haitiano agradece a acolhida que recebeu em Hortolândia, cidade onde nasceu sua filha, e diz que gosta muito de viver aqui. “Quando vim do Haiti, morei em São Paulo, Santos e Guarujá. Mas quando conheci Hortolândia, por meio de amigos que moravam aqui, gostei muito e quero ficar aqui”, declarou.

Imigração haitiana

O ano de 2010 marcou o início da imigração haitiana no Brasil, logo após o terremoto que atingiu o país, em particular a capital, Porto Príncipe. A catástrofe provocou a morte de mais de 150 mil pessoas. O Haiti é um país que também sofre com as condições econômicas precárias. Por isso, enfrenta dificuldades para se reconstruir a cada novo episódio de devastação.

 

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