Luta Antimanicomial tem atividades integradas em Hortolândia

No dia 18 de maio, é comemorado o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Tradicionalmente, em Hortolândia o Caps Vida (Centro de Atenção Psicossocial) de Hortolândia, promove atividades para conscientização da população em geral sobre as possibilidades de tratamento e acompanhamento de pacientes com transtornos psiquiátricos sem a necessidade de internação em manicômios. Neste ano, a novidade é que toda a Rede de Atenção Psicossocial da Prefeitura de Hortolândia estará integrada na programação, com a participação do Caps I (Infantil), do Caps AD (Álcool e Drogas), além da UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jd. Nova Hortolândia, representando as unidades básicas de saúde. A programação já começou na sexta-feira (11/05), com presença marcada pelo time de futebol do Caps Vida no campeonato Intercaps, realizado em campinas com a participação de pacientes psiquiátricos de cerca de 30 cidades. Nesta semana, haverá ainda a entrega do VIIl Prêmio Arthur Bispo do Rosário, na quinta-feira (17/05), em São Paulo, onde o vídeo “O barulho da minha cabeça te incomoda?”, produzido pelos pacientes do Caps Vida, concorre entre os cinco primeiros colocados. Já na sexta-feira (18/05), muitas atrações serão levadas à praça da Sabesp, no Parque Ortolândia, para uma manhã de integração de toda a Rede de Atenção Psicossocial com a comunidade.

O dia 18 de maio teve origem em 1987, com o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, ocorrido em Bauru, reunindo mais de 350 pessoas da área de saúde mental em busca de uma experiência de desinstitucionalização da psiquiatria. O tratamento psiquiátrico, até então, se concentrava em internações hospitalares. Como resultado desta e de outras mobilizações, a Reforma Psiquiátrica foi aprovada em 2001, através da Lei Federal 10.216. Isso significa que o atendimento aos pacientes com transtornos mentais passou a ser acompanhado por uma rede de atenção psicossocial, estruturada em unidades de serviços comunitários onde cada paciente tem sua vida livre, participando de atividades terapêuticas e de reabilitação, sempre acompanhados da família.

Conforme a articuladora em Saúde Mental de Hortolândia, Arlete Damázio Paschoal, os Caps são unidades de atendimento especializado em neuroses e psicoses, além de outros transtornos. Porém, há um atendimento complementar em parceria com as UBSs (Unidades Básicas de Saúde). “Nas UBS contamos com uma equipe multidisciplinar, composta por enferemiros, assistentes sociais, psicólogos, psiquiátricas e médicos, que auxiliam na estruturação do atendimento em saúde mental e realizam acompanhamento dos pacientes. Já nos Caps são atendidos casos mais complexos, que necessitam de um tratamento diferenciado, como terapias e oficinas, além de acompanhamento médico e psicológico”, explica Arlete. No Caps I são atendidas crianças e jovens até 18 anos, tendo como foco pacientes com autismo. No Caps Vida, são atendidas pessoas com mais de 18 anos, diagnosticadas com neuroses e psicoses. Já no Caps AD, o atendimento é voltado para dependentes químicos. As três unidades atendem de portas abertas, ou seja,não é necessário encaminhamento médico para procurar atendimento. “O atendimento realizado nas UBS é mais próximo da casa do paciente e tem as mesmas condições de acompanhamento de casos mais simples. Já os Caps, oferecem um complemento para casos complexos ou para pacientes que desejam experimentar as terapias diferenciadas oferecidas nestes locais”, complementa Arlete.

“As atividades integradas da Luta Antimanicomial tem como objetivo justamente mobilizar toda a Rede de Atenção Psicossocial, pois as unidades não trabalham de forma isolada. É preciso o esforço e conscientização de todos sobre este tema, para integrar o paciente com transtorno psiquiátrico à rotina comum e romper o estigma da sociedade em relação a estas pessoas”, finaliza a articuladora de Saúde Mental.

Prêmio Arthur Bispo do Rosário

Nesta quinta-feira (17/05), pacientes do Caps Vida vão á capital paulista participar da entrega do VIIl Prêmio Arthur Bispo do Rosário, promovido pelo Conselho Regional de Psicologia de São Paulo. O vídeo “O barulho da minha cabeça te incomoda?”, produzido pelos pacientes, está entre os cinco primeiros colocados no concurso. O material mostra o dia a dia dos pacientes do Caps nas oficinas e atividades realizadas para integração social destas pessoas. “Produzimos este vídeo sem qualquer pretensão de vencer o concurso. Foi uma coisa muito caseira, mas feita com carinho. Mostramos os usuários em depoimentos sobre o que cada um gosta de fazer no Caps e sobre o que a unidade representa para eles. O resultado é um vídeo emocionante, cheio de vida”, explica a psicóloga do Caps e co-autora do vídeo classificado, Ivanilde Martins Antonelli. A frase que dá título ao vídeo, “O barulho da minha cabeça te incomoda?” foi criada por um dos usuários do Caps Vida para a confecção de um cartaz exposto durante as atividades do Dia da Luta Antimanicomial, em 2017.

aO Prêmio Arthur Bispo do Rosário pretende valorizar e divulgar trabalhos de usuários dos serviços de saúde mental, tendo como inspiração a história do renomado artista. Rosário era Sergipano e se tornou artista plástico após ser diagnosticado esquizofrênico paranóide. Viveu mais de 50 anos num hospício no Rio de Janeiro, onde produzia objetos com diversos itens retirados do lixo e da sucata que, após a sua descoberta, seriam classificados como arte vanguardista. É consagrado como referência em Arte Contemporânea. Além da categoria vídeo, o concurso conta com prêmios para esculturas/instalações, pinturas/ilustrações, fotografias e literatura. Na categoria vídeo, os três primeiros colocados receberão prêmio em dinheiro de R$ 1.000,00; o quarto e o quinto classificados recebem, cada um, R$ 500. Os finalistas terão, ainda, seus trabalhos expostos na Estação Sé, em São Paulo, de 10 a 30 de maio.