Emprego na cidade movimenta economia e traz qualidade de vida para trabalhadores
Planejamento urbano e capacitação profissional alavancaram, nos últimos 10 anos, fenômeno da empregabilidade em Hortolândia
No início dos anos 2000, Hortolândia era conhecida como cidade dormitório. Durante o dia, mais da metade das pessoas empregadas saiam para trabalhar nos municípios vizinhos. À noite, voltavam de ônibus à cidade de ruas de terra, para descansar e retomar a rotina, na manhã seguinte. Hoje, com 23 anos de emancipação, a realidade mudou em Hortolândia. Com a ampliação nas vagas de trabalho e a chegada de cada vez mais empresas, comércios e serviços, o município vive uma fase de pleno emprego. Resultado dos investimentos em planejamento urbano e capacitação profissional, aliado à política de atração de empresas adotada pela Prefeitura, o cenário do município é favorável aos investidores, que apostam na cidade e empregam cada vez mais os hortolandenses.
De acordo com o secretário de Indústria, Comércio, Serviços e Turismo, Dimas Correa Pádua, um diagnóstico realizado em 2004 apontava que, na época, 63% da PEA (População Economicamente Ativa) saia de Hortolândia diariamente para trabalhar em Campinas, Sumaré e outras cidades. “Neste ano, este percentual é de apenas 11%. O aumento no número de vagas na cidade garante benefícios não só para a economia, mas para a qualidade de vida do trabalhador, que chega mais cedo em casa e pode se dedicar mais à família”, comenta Pádua.
“Trabalho na Amisted Maxion há quatro anos e posso afirmar que é muito bom ter emprego perto de casa. Em menos de cinco minutos chego do serviço. Abri mão do ônibus fretado, porque ia demorar mais pelo transporte da empresa do que indo direto. Economizo com o ônibus e, melhor ainda, economizo tempo”, confirma o montador Rodrigo Herculano Araújo Santos, de 32 anos, morador do Jardim Nova Hortolândia.
Santos diz que, no emprego anterior, ele atuava com vendas, o que exigia que trabalhasse também nas cidades da região. Mas, desde que teve a oportunidade de trabalhar com carteira assinada numa fábrica a 1,5 quilômetro de casa, não teve dúvidas em abraçar o emprego. “O tempo que eu chego em casa mais cedo, ganho em qualidade de vida. Meus dias são mais tranqüilos, passo mais tempo com minha família e ainda dá tempo de resolver alguma coisa no final do dia. Ir nos comércios, por exemplo”, destaca.
Movimento pendular
Conforma explica o secretário, a situação vivida há 10 anos refletia negativamente na cidade, devido ao que chama de movimento pendular da força de trabalho. “De um lado do pêndulo, estavam os funcionários que saíam da cidade em busca de melhores salários. Estas pessoas também consumiam fora de Hortolândia, já que almoçavam e faziam compras nas cidades vizinhas pela facilidade, uma vez que já estavam lá. Do outro lado do pêndulo, estavam as poucas empresas de alta tecnologia aqui em Hortolândia que, carentes de mão de obras especializada, contratavam profissionais de fora. Só que estes profissionais não gastavam aqui. Levavam nossa riqueza para suas cidades. Hortolândia não tinha consumo nem da alta nem da baixa renda”, destacou Pádua.
A mudança foi possível graças a uma visão inovadora adotada pela Administração Municipal, de investir na atração de empresas. Além disso, as ações de planejamento, que alavancaram o desenvolvimento urbano de Hortolândia, colaboraram para que os empreendedores acreditassem no potencial econômico da cidade. “Quando levamos água, asfalto, obras de mobilidade para toda a cidade, começamos a atrair novas empresas. A partir daí, também ampliamos a atenção social com ações de capacitação profissional, possibilitando a formação de mão de obra especializada. Vencemos, assim, o maior dos problemas econômicos que Hortolândia já enfrentou, que é a questão da empregabilidade”, afirmou o secretário.
Em 2004, a média de desemprego na cidade era de 17,2%, praticamente o dobro do percentual médio na RMC (Região Metropolitana de Campinas), que registrava 9% de desemprego na ocasião. “Com a expansão industrial e a qualificação da mão de obra, começamos a segurar os empregos na cidade. negociamos com os investidores, oferecemos atrativos fiscais e sugerimos a contratação de mão de obra daqui, uma vez que passamos a oferecer profissionais qualificados. O resultado foi atingido já em 2009, quando a média de desemprego diminuiu para 4%. Em 2010, o percentual era de 2%, situação já considerada como pleno emprego”, comemora Pádua.
Pleno emprego
O fenômeno da empregabilidade em Hortolândia não é um segredo. É consequência do ciclo virtuoso da economia, onde um setor atrai o outro. Os investimento em infraestrutura e mobilidade urbana garantem aos investidores mais caminhos para o escoamento da produção das empresas. A ascensão industrial aumenta a massa salarial. Com isso, a renda do trabalhador cresce, já que ele gasta menos com transporte para outras cidades e, muitas vezes, pode até almoçar em casa. Além disso, com qualificação profissional, os salários são maiores. Isso atrai comércios, que vêem a possibilidade de um mercado em expansão pelo potencial de consumo da população. Em seguida, o setor de serviços se consolida, com a oferta de apoio às empresas e lojas. O setor imobiliário também cresce, atraindo gente de fora que vem morar na cidade.
“Hortolândia vive hoje esta realidade. A cidade que antes exportava seus trabalhadores, agora contrata também pessoas da cidade vizinha. Muitas famílias decidem se mudar para cá, em busca de proximidade com o local de trabalho. Mas, sem dúvida, se a cidade não oferecesse qualidade de vida, isso não aconteceria. Além de empregos, temos muitas escolas, sistema de saúde que atende tanto atenção básica quanto situações de urgência em todas as regiões, praças e parques, comércio forte. Estamos numa etapa em que todos os setores se comunicam, se integram”, avalia o secretário.
Futuro
Com todos os setores caminhando juntos, a perspectiva de futuro para a economia da cidade continua promissora. De acordo com Pádua, os investimentos da iniciativa privada para este ano somam mais de R$ 1 bilhão. “Nossa economia é muito forte, graças a este dinamismo. Isso vai gerar um impacto positivo no valor adicionado, que é a riqueza que o município produz”, comentou.
O valor adicionado contribui para a elevação do IPM (Índice de Participação dos Municípios) no repasse de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), feito mensalmente pelo Estado. O repasse é agregado à receita corrente do município, valor utilizado pela Prefeitura para investimentos em obras e serviços que trazem benefícios à população. “Isso significa que, quanto mais as empresas produzem aqui, mais pessoas são empregadas, o comércio se torna ainda mais forte e mais recursos a cidade tem para investir em qualidade de vida para a população”, conclui.