Usina de plasma é aprovada em audiência pública
Prefeitura recebe apoio da comunidade na tecnologia apresentada para tratar resíduos sólidos
A tecnologia de plasma será utilizada no tratamento de lixo em Hortolândia. O sistema, que transforma detritos em energia elétrica, foi aprovado, nesta quinta-feira (21/06), durante audiência pública realizada pela Prefeitura. A tecnologia de plasma trata o lixo por meio da gaseificação dos resíduos, com temperaturas muito elevadas, acima das obtidas na combustão, sistema que causa menos impacto ambiental que as outras formas de tratamento dos detritos.
Participaram da audiência pública moradores de Hortolândia, estudantes universitários, representantes da Prefeitura e técnicos na área ambiental. Durante a reunião, realizada na Câmara de Vereadores, eles conheceram as vantagens e desvantagens de três sistemas de tratamento de lixo: compostagem, incineração e plasma.
Para apresentar as tecnologias foram convidados o engenheiro sanitarista e ambiental Rafael Clemente Filgueira, que apresentou o sistema de compostagem, o engenheiro eletricista e economista Luiz Kazuo Fugiwara, que falou sobre a técnica de incineração, e o engenheiro civil George Tomita, da RGP Consultoria, que apresentou a tecnologia de plasma.
Ao final do encontro, a proposta da Secretaria de Meio Ambiente em adotar a tecnologia de plasma para dar destino final ao lixo produzido em Hortolândia foi aprovada pelos participantes da audiência pública. “O sistema de plasma é o que apresenta mais vantagens para resolver a questão dos resíduos sólidos: apresenta menor impacto ambiental, não gera odor, nem fumaça, e ainda gera energia elétrica limpa”, explicou o assessor técnico da Secretaria de Meio Ambiente, Eduardo Amorim.
Amorim completa que o sistema de plasma é defendido pela Prefeitura porque Hortolândia apresenta uma área territorial pequena, quase toda urbanizada, impossível de comportar os sistemas de incineração e compostagem. “A tecnologia de plasma permite que o tratamento de lixo seja realizado em área urbana, sem necessidade de afastamento de áreas residenciais como exigem as outras técnicas de processamento de lixo. Esta decisão é fruto de mais de um ano de estudo da Prefeitura com especialistas no assunto”.
O sistema de plasma para resolver o destino do lixo em Hortolândia já passou pelo crivo do CMMA (Conselho Municipal de Meio Ambiente). O projeto foi aprovado na reunião do último dia 6 de junho. De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Aldo Aluízio Silva, a Usina de Tecnologia de Plasma é uma das ações do projeto Sigah (Sistema Integrado de Gestão Ambiental de Hortolândia) e funcionará no Parque Perón, onde já está em operação a URE-Hortolândia (Usina de Reciclagem de Entulho).
Para tratar o lixo municipal de forma que gere energia, será utilizado um reator de plasma onde o detrito se degrada e gaseifica gerando gases menos poluentes do que os obtidos em processos tradicionais de tratamento de resíduos, como em aterros sanitários ou incineração.
“Com a instalação da usina de plasma, Hortolândia continuará na vanguarda da defesa ambiental nacional, podendo transformar em energia elétrica limpa o que, atualmente, é dispensado no aterro sanitário contratado para este fim. Além dos benefícios ambientais, vamos gerar renda ao município. Essa tecnologia é utilizada com sucesso em países como Estados Unidos, Japão, Índia, Austrália, Canadá e Inglaterra, aprovado nas mais rigorosas leis de emissões ambientais daqueles países”, afirma o secretário.
Vantagens
As principais vantagens técnicas apresentadas são ausência de geração de cinzas e voláteis, produzida pela tradicional técnica de incineração de lixo, não emite fumaça, não gera gases tóxicos, aceita qualquer tipo de resíduo (urbano, municipal, industrial, iôdo de esgoto, pneus, restos de construção, solo contaminado, borras de petróleo, material de desassoreamento de rios, entre outros).
A nova tecnologia, afirmam os pesquisadores, leva grande vantagem sobre a incineração - um sistema que utiliza temperatura de 800º C e que não queima todos os resíduos porque depende do poder calorífico do próprio lixo -, além de gerar cinzas, material altamente poluente. O reator a plasma, por sua vez, faz a gaseificação desse resíduo com temperaturas entre 5 e 10 milº C, sem gerar cinzas e gases poluentes.
Atualmente, Hortolândia produz uma média de 54.000 toneladas de lixo por ano. O material é levado para um aterro particular. O gasto anual com coleta, transporte e destino final é de R$ 6,6 milhões, segundo a Secretaria de Serviços Urbanos. Com a instalação da usina, o lixo será tratado na própria cidade e transformado em energia elétrica.
Com o lixo produzido em Hortolândia é possível gerar energia elétrica suficiente para abastecer cerca de 28 mil residências. Outra vantagem é que o resíduo gerado ao final do processamento por plasma, material semelhante a pedra de brita, pode ser reaproveitado para compor a fabricação de materiais utilizados na construção civil, a exemplos de blocos e pisos.
“Hortolândia será a primeira cidade do Brasil a colocar uma usina de plasma. Vamos transformar o lixo em energia, gerar renda e promover o desenvolvimento sustentável. Repetiremos aqui uma experiência que é sucesso em países de primeiro mundo como Japão e Estados Unidos quando o assunto é o tratamento sustentável de resíduos”, observa o prefeito Angelo Perugini.
Próximo passo
Agora, a Prefeitura abrirá o processo licitatório para contratar a empresa que implantará a Usina de Tecnologia de Plasma por meio de PPP (Parceria Público Privada). Para instalar a usina é estimado um investimento de R$ 250 milhões.