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Atuação intensiva do CRAM em Hortolândia fortalece mulheres para denunciar agressões

Atuação intensiva do CRAM em Hortolândia fortalece mulheres para denunciar agressões

No ano passado, o Centro de Referência e Atendimento à Mulher registrou 660 atendimentos, contra 440 em 2020

O CRAM (Centro de Referência e Atendimento à Mulher) “Debora Regina Leme dos Santos”, de Hortolândia, registrou em 2021 o triste recorde de atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica. É o que revela o balanço do ano, apresentado pelo Departamento de Direitos Humanos e Políticas Públicas para Mulheres, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Governo. Em 2021 foram registrados 660 atendimentos, um aumento de 50% em relação a 2020, quando foram anotadas 440 denúncias.

De acordo com a assistente social e coordenadora do CRAM, Josefa Teixeira, o aumento da demanda pode ser atribuído a alguns fatores, como, por exemplo, o isolamento social por conta da pandemia da Covid-19. Mas a criação de novos canais de denúncias e o fortalecimento do trabalho desenvolvido pelo CRAM também são fatores de apoio às vítimas que colaboram para que estas mulheres procurem ajuda.
“Pudemos verificar que o isolamento social, em função da pandemia, contribuiu para elevar os casos de violência doméstica. Junto com esse aumento, notamos que houve criação de novos canais de denúncia, peça importante para que as mulheres se sentissem confiantes para procurar as autoridades. Um bom exemplo destes novos canais de denúncia foi a implantação da delegacia eletrônica, uma vez que a mulher deixaria de passar pela exposição de ir até um balcão de distrito policial para relatar a violência sofrida. Outro ponto importante, em Hortolândia, vem sendo a atuação do CRAM, em conjunto com a Guarda Municipal, cujo trabalho se consolida ao longo dos anos e hoje transmite uma confiança a mais para as mulheres, para que possam denunciar com a total segurança que o caso exige”, destacou Josefa.


Das 660 ocorrências recebidas no ano passado pelo Centro de Referência e Atendimento à Mulher, 421 delas terminaram na concessão de medidas protetivas de urgência, ação estabelecida pela Lei Maria da Penha (n° 11.340, de 7 de agosto e 2006). “O CRAM atua como articulador de diversos serviços públicos, tendo como objetivo primário acabar com a situação de violência vivenciada pela mulher atendida, sem, no entanto, ferir o seu direito à autodeterminação. Cabe ao órgão promover meios para que ela fortaleça a autoestima e tome decisões, a fim de livrar-se do ciclo de violência que vive”, comentou a coordenadora.


Desde 2017, quando o órgão especializado foi criado, a equipe multiprofissional já socorreu mais de 2 mil mulheres, realizou e intermediou milhares de procedimentos, entre acolhimentos e atendimentos psicossociais; orientação jurídica à vítima; registro de Boletim de Ocorrência Eletrônico; acompanhamento ao IML (Instituto Médico Legal), a hospitais e UPAs-24h (Unidades de Pronto Atendimento); retiradas de pertences com apoio da Guarda Municipal; além de recâmbio para cidades de origem e famílias extensivas.
“O CRAM é uma estrutura essencial para o enfrentamento à violência contra a mulher, uma vez que visa promover a ruptura de situações de violência e a construção da cidadania, por meio de ações globais e atendimento interdisciplinar (psicológico, social, jurídico e de orientação e informação) à mulher em situação de violência doméstica. Temos como premissa o atendimento humanizado. Procuramos estabelecer vínculos e relação de confiança porque, na maioria das vezes, as mulheres não nos procuram para fazer a denúncia com base na Lei Maria da Penha e, sim, porque necessitam ser ouvidas, desejam espaço para falar e desabafar, buscam alívio e conforto pessoal. Nosso atendimento acolhedor realiza escuta atenta e diferenciada com olhar sensível para as questões humanas e respeitamos a intimidade e as diferenças”, finalizou Josefa.

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