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Hortolândia faz busca ativa de alunos que se ausentaram das atividades pedagógicas na pandemia

Hortolândia faz busca ativa de alunos que se ausentaram das atividades pedagógicas na pandemia

Secretarias de Educação, Inclusão Social e Saúde trabalham juntas para trazer de volta estudantes à rotina escolar

Durante a pandemia do Coronavírus, período em que as aulas presenciais foram suspensas nas 59 unidades da rede municipal de Ensino, a Prefeitura de Hortolândia redobrou os cuidados para manter o vínculo aluno-escola. Desde março de 2020, foi criado um ambiente virtual que disponibiliza conteúdos e atividades, o Espaço Educação na Rede; também foi distribuído material impresso àqueles que não tinham equipamento ou acesso à rede mundial de computadores. Além disso, uniu equipes de trabalho em três secretarias municipais a fim de prevenir e enfrentar a chamada evasão escolar, situação em que o aluno abandona a escola. A ação em andamento é a chamada “busca ativa”. O trabalho de busca ativa é rotineiro na Educação e precede a pandemia. Ele se torna ainda mais relevante agora que a rede municipal se prepara para o retorno presencial às atividades, no dia 15 de setembro.

No entanto, a ação tem sido reforçada. Uma comissão, formada por profissionais das secretarias de Educação, Ciência e Tecnologia; de Inclusão e Desenvolvimento Social; e de Saúde, reúne-se periodicamente para de unir esforços e integrar políticas públicas, garantindo que os alunos sejam atendidos plenamente nas escolas municipais. Atualmente, a rede atende a cerca de 26 mil estudantes, em 59 unidades próprias e 39 contratadas por meio do Programa Bolsa Creche.

O Unicef (Fundo das Nações Unidas pela Infância) estima que, em 2020, cerca de 4,1 milhões de crianças e adolescentes de seis a 17 anos tiveram dificuldade de acesso ao ensino remoto. Os dados estão disponíveis na pesquisa “Enfrentamento da cultura do fracasso escolar”, publicado em janeiro de 2021 pela entidade. Na esfera do município, os dados ainda estão sendo mapeados pela comissão.

Como funciona a busca ativa

Tudo começa, no âmbito da Educação, com o controle de frequência dos alunos pelos professores. Diante de faltas consecutivas e sem justificativa, o professor informa ao gestor escolar, que entra em contato com a família por telefone, chamadas por WhatsApp e até redes sociais. Se as buscas iniciais são infrutíferas, então o gestor encaminha ao supervisor educacional uma convocação para que os pais ou responsáveis compareçam à escola com data e horário marcados. Neste caso, a equipe do transporte escolar leva o supervisor até a residência do aluno ausente.  

Esgotadas todas as tentativas, chega a hora de a equipe das demais secretarias parceiras atuar. O relatório do caso é encaminhado à assistente social da região que, juntamente com profissionais da Saúde e do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) locais, faz buscas intersetoriais desses alunos e de suas famílias, a partir dos cadastros existentes nesses setores da Administração Municipal. Se, mesmo assim, os esforços são insuficientes, os casos são encaminhados ao Conselho Tutelar. 

O trabalho conjunto de busca dos alunos ausentes acontece desde o ano passado. No entanto, desde maio deste ano, a busca ativa foi intensificada e regulada pela Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, por meio de um Protocolo de Busca Ativa, bem como pelo Grupo de Trabalho, que tem se reunido com os intersetores na Saúde e na Inclusão Social, via CRAS. A força tarefa busca elaborar e definir estratégias em rede, que contribuam para garantir os direitos dos alunos vulneráveis e/ou em situação de abandono escolar.

Os profissionais dos setores envolvidos na busca ativa reúnem-se com frequência para discutir novas estratégias e casos já apontados. Inclusive, têm-se reunido com os gestores das escolas por região, para que, além de conhecerem os serviços da Saúde e CRAS do território, possam ouvi-los e trocar experiências que culminem na elaboração de um Protocolo de Busca Ativa geral, envolvendo CRAS, Secretaria de Saúde e não só profissionais da Educação.

Outro parceiro importante é a própria comunidade. No Conjunto Habitacional Novo Estrela 2, a síndica Solange Pereira Cardozo é mãe de Rebecca, aluna da Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Novo Estrela. A responsável pela criança já passou pela experiência de “ser buscada”. Hoje, Sol, como é conhecida, sente-se gratificada em participar do esforço, atuando em conjunto com a coordenadora da escola, Alessandra Ramirez. “Acredito que a busca ativa é a oportunidade e a chance de mantermos mais crianças nas escolas e, com isso, entendermos a dificuldade de cada família. Aqui, além da busca ativa, houve a busca em conjunto, um lindo trabalho em equipe, escola e comunidade. Sou grata em fazer parte dessa busca! A educação abre caminho e transforma vidas! Talvez, de primeiro, alguns pais não entendam esta busca ativa, mas, com o decorrer do ano, vão entendendo que o ano e o aprendizado das crianças não foi comprometido 100% e valorizam o trabalho dos professores”, afirma ela.

Agora, a síndica auxilia na busca ativa dentro do condomínio, ajudando a encontrar famílias que haviam trocado o número de telefone sem informar o novo à escola. Assim, foi possível identificar, por exemplo, quem não tinha acesso à internet ou ao Espaço Educação na Rede para disponibilizar material impresso, entregue na escola junto com os kits de alimentação escolar. Além disso, a direção escolar incentiva, na busca ativa, pais e responsáveis a participarem de grupos de WhatsApp e responderem a pesquisas feitas pela Secretaria de Educação sobre o ensino remoto e o retorno presencial às aulas.

Supervisores educacionais do Centro de Formação dos Profissionais em Educação “Paulo Freire”, que integram a comissão, avaliam o trabalho integrado de busca ativa como de enorme importância. “Esse trabalho em rede é de muita importância. Não só no aspecto do desenvolvimento pedagógico, mas na garantia do direito ao desenvolvimento integral desses alunos. É mais um aliado na prevenção de situações indesejáveis que nossas crianças e adolescentes possam estar sofrendo, como cárcere privado, maus tratos, abusos e outras privações, desconhecidas já que não estão presencialmente no ambiente escolar, onde se sentem seguros”, pondera a supervisora Célia Santos.

“Esse trabalho já tem dado bons resultados, em comparação aos dados iniciais. Foram buscados muitos alunos que já não tinham interação pelo Espaço Educação na Rede nem na escola, que disponibiliza atividades impressas aos alunos que não têm acesso aos meios virtuais. Em toda rede, temos um número baixo de alunos/famílias não encontradas ainda. Este tem sido nosso maior desafio: encontra-los. São famílias que mudam de endereço, cidade ou número telefônico e não comunicam à escola. Precisamos unir esforços intersetoriais para que tenhamos informações sobre estes poucos alunos não encontrados ainda, pois não podemos nem queremos que nenhuma criança fique fora da escola”, argumenta a supervisora Lílian dos Santos Lima.

Na avaliação da secretária-adjunta de Educação, Ciência e Tecnologia, Roberta Diniz, o trabalho conjunto entre várias secretarias vem para reforçar tarefas importantes já feitas por profissionais da Educação. "O objetivo da Prefeitura é cuidar de todas as crianças da nossa rede de educação. O trabalho agora é em conjunto com outros setores que também fazem o atendimento dos alunos para nos fortalecer enquanto rede de proteção. A gente sabe que as aulas presenciais estão previstas para o dia 15 de setembro, mas essa é uma ação permanente que faz parte do nosso trabalho enquanto profissionais”, afirma a gestora.

Já para a Secretaria de Inclusão e Desenvolvimento Social, a integração das políticas públicas é muito relevante e beneficia a população, pois representa uma soma de esforços para um bem maior. “Nesses encontros da comissão intersetorial, a gente está conhecendo as pessoas, quem atua na localidade. Isso permite integrar as políticas públicas, conhecer os atores e ficar atento a essa demanda que está fora da escola e se perdeu ao longo desse período de pandemia. Algumas pessoas perderam o emprego, o local de moradia, foram para outros lugares. Precisamos estar atentos a isso”, explica a diretora de Inclusão Social, Edineia Prado da Costa.

 

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