Recuperação ambiental traz vida ao Parque Irmã Dorothy
Ecossistema se recupera e diversos animais fazem morada no parque socioambiental, além de plantas e outros microorganismos
Quem visita o Parque Socioambiental Irmã Dorothy Stang, no Jardim Nossa Senhora de Fátima, muitas vezes nem se dá conta da biodiversidade existente no local. Um olhar mais atento permite encontrar pelo parque espécies diversificadas de planta e animais. Graças às ações de recuperação ambiental realizadas neste espaço, que antes estava abandonado, a Prefeitura de Hortolândia colabora para o retorno da vida ao local.
Antes, o local onde está instalado o Parque Socioambiental Irmã Dorothy era utilizado como depósito irregular de entulho, área conhecida como baixada do Fátima. O espaço, bastante degradado, foi alvo das ações da Secretaria de Obras, por meio das intervenções urbanísticas, e da Secretaria de Meio Ambiente, que recuperou a nascente d’água do lugar e realizou o plantio de árvores.
O resultado desse investimento pode ser visto e apreciado. Logo na entrada do parque, os hibiscos floridos atraem beija-flores e grande variedade de insetos. Abelhas, borboletas e besouros são encontrados com facilidade por ali. De acordo com a bióloga da Secretaria de Meio Ambiente, Elaine Cristina de Souza, a escolha das espécies arbóreas utilizadas na recuperação ambiental foram importantes para a vinda desses animais. “Cada árvore tem seu papel fundamental no ecossistema, tanto sombreando outras plantas menores, por exemplo, quanto atraindo aves e insetos”, explica.
As árvores foram plantadas em locais específicos, tudo acompanhado de perto pela engenheira agrônoma da Secretaria de Meio Ambiente, Alynne Santana. “Temos espécies nativas, frutíferas e exóticas. As nativas compõem o bosque que hoje pode ser visto em formação, com algumas árvores grandes, inclusive. As frutíferas, como mangueira, pitangueira e goiabeira, ajudam a atrair os pássaros, como sabiá-laranjeira e quero-quero. As exóticas, como a Santa Bárbara, embelezam nosso parque e auxiliam no combate à erosão do solo, evitando o assoreamento da lagoa”, ilustra Alynne.
Dentre as plantas nativas, vale destacar a presença da embaúba e palmeira jerivá. Os frutos destas árvores atraem diversos pássaros ao local, como bem-te-vi, rolinha, sanhaço, chupim e tantas outras espécies. Pássaros mais ariscos, como pica-pau e anu, também dão o ar da graça pelo parque. Um joão-de-barro escolheu o topo de uma árvore, bem em frente ao Ginásio Poliesportivo Victor Savala, para construir sua casa.
É preciso tomar cuidado, apenas, com o casal de patos. É que a pata está chocando seus ovos e o casal, frequentemente, corre atrás de quem se aproxima. Entre os visitantes esporádicos estão as garças, que aparecem no local em busca de peixes, e as maritacas e periquitos. Quando esses pássaros aparecem por lá, promovem a maior algazarra. No lago, as tilápias reinam em meio aos cágados. “É bonito ver toda essa diversidade aqui. O parque é bem conservado e é um local muito agradável de ficar”, comenta a nutricionista Letícia Lameira, 20 anos, que acompanhava um grupo de crianças durante passeio pelo parque.
Exemplo de preservação ambiental
O retorno da vida ao local, antes degradado, começou em maio de 2008, com a abertura ao público do primeiro espaço revitalizado do parque Irmã Dorothy. Nesta época, 80 mudas nativas com menos de um metro de altura formavam um pequeno bosque, espaço onde crianças participavam de aulas sobre educação ambiental. Três anos depois, as mudas já são árvores e fazem sombra para quem passeia no local.
Quem pensa que a recuperação ambiental para nesta etapa, está enganado. A engenheira agrônoma diz que, se o parque continuar sendo preservado, em 10 anos, haverá um bosque completo formado, dezenas de outros animais e um visual diferente na lagoa. Isso porque, com o avanço das plantas nativas, a vegetação pioneira em torno do lago, formada por samambaias e taboas, vai recuar. “Essas plantas tem o papel de filtrar a nascente, que abastece o lago. Mas, em alguns anos, não haverá necessidade dessa filtragem e a vegetação pioneira vai sumir, deixando o lago ainda mais aparente”, justifica Alynne.
De acordo com a bióloga da Prefeitura de Hortolândia, qualquer espaço que receber o mesmo tratamento demandado ao Irmã Dorothy apresenta este resultado. “A própria natureza se refaz. As árvores atraem os pássaros, que espalham sementes e dão vida à novas árvores. É um ecossistema perfeito, que precisa apenas do pontapé inicial”, afirma Elaine. Em Hortolândia, esse pontapé foi dado em 2005, quando o prefeito Angelo Perugini assumiu a Administração Municipal.
O resgate ambiental realizado no Jardim Nossa Senhora de Fátima é exemplo da importância da preservação. Além do amplo espaço verde existente no Parque Socioambiental, a Prefeitura mantém no local uma Maternidade da Árvore, estufa onde são cultivadas mudas, que serão transplantadas no próprio parque ou em outras espaços verdes do município. Dentro de mais alguns anos, novos bosques serão formados em diversos pontos da cidade, como no Creape (Centro de Referência em Educação Ambiental Parque Escola), instalado no Jardim Santa Clara.
Outros dois parques socioambientais estão em implantação em Hortolândia. O Chico Mendes, localizado na região central, já têm árvores de cerca de dois metros. Logo aparecerão os primeiros animais. No Jardim Amanda, a região da lagoa também será revitalizada, com plantio de árvores e limpeza do lago. Dois espaços onde a natureza volta a viver.