Escola municipal promove evento para aproximar aluno da cultura indígena
Emef Profª Janilde Flores Gaby do Vale, na Vila Real, é parceira da Rede de Apoio ao Povo Sabuká Kariri-Xocó, de Alagoas
“Sou pataxó,/ Sou xavante e cariri,/ Ianonami, sou tupi/ Guarani, sou carajá./ Sou pancaruru,/ Carijó, tupinajé,/ Potiguar, sou caeté,/ Fulni-ô, tupinambá./ Mas de repente/
Me acordei com a surpresa:/ Uma esquadra portuguesa/ Veio na praia atracar./
Da grande-nau,/ Um branco de barba escura,/ Vestindo uma armadura/ Me apontou pra me pegar./ E assustado/ Dei um pulo lá da rede,/ Pressenti a fome, a sede,/ Eu pensei: "vou me acabar"./ Me levantei de borduna já na mão./ Aí senti no coração,/ O Brasil vai começar.”
A letra de “Chegança”, música do cantor e compositor pernambucano Antônio Nóbrega, mostra a força da cultura indígena na formação do Brasil. Uma história ainda a ser conhecida, em múltiplos aspectos.
A fim de apresentar a estudantes de Hortolândia aspectos deste Brasil desconhecido, a equipe gestora da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Profª Janilde Flores Gaby do Vale, na Vila Real, convidou o grupo indígena da etnia Sabuká Kariri-Xocó, de Alagoas, para contar sua própria história. O evento reuniu, na quadra da escola, em maio deste ano, os 10 convidados e todos os alunos da unidade, aproximadamente 700 crianças, do 1o ao 5o ano, além do prefeito Angelo Perugini. A unidade escolar, que integra a rede municipal de Educação, é parceira da Rede de Apoio ao povo Sabuká Kariri-Xocó e pelo segundo ano, recebe membros da tribo para estreitar os laços e ampliar os horizontes do aprendizado. O primeiro encontro aconteceu em maio de 2017.
“O principal objetivo pedagógico é a discussão da questão indígena junto com as crianças, mas fazer isso de uma maneira diferenciada. Discutir a questão indígena com os alunos, com o indígena junto, é um ganho de conteúdo e pedagógico. É uma experiência que marca a vida dessas crianças, porque o indígena com quem eles tem contato não é o indígena estereotipado. A gente, de certa maneira, preserva o lugar de fala do indígena também. Não somos nós, ‘civilizados’ (entre aspas) que estamos falando de uma outra cultura, mas trazer esta outra cultura dentro da escola, junto com seus atores. Além disso, discutir a questão indígena em termos de preservação da cultura, das comunidades indígenas também, ter um conhecimento dessa dor e dessa luta da causa indígena de um modo mais perto, diretamente, com os atores de tudo isso. Por exemplo, na escola em que eu passei, não tive essa oportunidade como aluno. É uma oportunidade de criar esses espaços de convívio com outra cultura e fugir dos estereótipos indígenas também”, explica o diretor Ronaldo Alexandrino
Anualmente, o grupo de Alagoas faz turnê pelo estado de São Paulo. “Neste ano, conseguimos novamente uma data na agenda, que é bastante disputada”, complementa Alexandrino. Durante o encontro, no dia 17 de maio, houve apresentação da toré (ritual de dança), seguido por uma roda de conversa, em que as crianças puderam fazer perguntas ao cacique Pawanã. Em seguida, os estudantes, bem como professores e funcionários puderam participar da toré. No mesmo dia, houve ainda feira de artesanato indígena, aberta a toda comunidade, para que a população tivesse oportunidade de conhecer objetos típicos, tais como arco e flecha, cocar, apito, zarabatana, brinco, colar e maraca.
A ação atende ao cumprimento da Lei n° 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-brasileira e Indígena". Além disso, o contato direto com a cultura indígena humaniza o olhar das crianças para tais questões.
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