Caps-24h é inaugurado e reestrutura modelo de cuidado em saúde mental
Prefeito Angelo Perugini entregou, neste sábado (18/05), unidade para acolhimento de pacientes com transtornos mentais em momentos de crise
Usuários do Caps (Centro de Artenção Psicossocial) Vida e seus familiares conquistaram, neste sábado (18/05), um novo modelo de cuidado em saúde mental: a Prefeitura de Hortolândia inaugurou o Caps 24h, com 10 leitos para acolhimento de pacientes em momentos de crise. A entrega das instalações acontece na data que marca o Dia Nacional da Luta Antimanicomial que, desde a década de 1980, mobiliza instituições em todo o país pelo fim das internações psiquiátricas. Por meio do atendimento que passa a ser oferecido no Caps Vida, a Prefeitura oferece hospitalidade noturna, com acompanhamento dos usuários por profissionais de enfermagem e acompanhamento psicológico durante o dia, com atuação de uma equipe multidisciplinar.
A inauguração do Caps 24h faz parte da programação do aniversário de Hortolândia, que completa 28 anos de emancipação, neste domingo (19/05). A ação integra o PIC (Programa de Incentivo ao Crescimento), programa que prevê mais de 100 intervenções e serviços que promoverão o desenvolvimento urbano, ambiental, social e humano para que Hortolândia cresça com planejamento e sustentabilidade nos próximos 30 anos.
Para a inauguração, os usuários atendidos na unidade, que funciona na rua João Cancian, nº 161, no Parque Ortolândia, pintaram a fachada do prédio com muitas cores, compondo um enorme mosaico no muro. “Esta fachada mostra bem como são as pessoas: cada uma de um jeito, de um tamanho diferente. Algumas saem do compasso. Mas todos fazem parte de uma mesma vida em sociedade e merecem o mesmo respeito e liberdade”, enfatizou o prefeito Angelo Perugini na cerimônia de inauguração.
“O Caps não prende as pessoas. Elas vêm aqui para realizar acompanhamentos e atividades terapêuticas quando desejam. Mas, se elas retornam, significa que se sentem bem aqui”, destacou a secretária de Saúde, Odete Carmem Gialdi.
Atualmente, o Caps possui 432 usuários ativos nas diversas oficinas oferecidas, desde roda de conversa, caminhada, futebol, lian gong (ginástica chinesa), até a produção de pães e bolos para venda e obtenção de renda para os pacientes. Um dos usuários é o Fábio, de 42 anos, filho da dona Teresinha Maria da Conceição, de 71 anos. Moradora do Jd. Terras de Santo Antônio, ela lembra das várias internações psiquiátricas pelas quais o filho já passou. “Já teve vezes dele ficar mais de um mês internado. Hoje estou muito feliz com este Caps 24h porque, se ele precisar ser contido, estará perto de casa e da família”, comenta.
A coordenadora do Caps Vida, Jeni Rodrigues Teixeira, explica que a unidade funciona como uma casa, onde os usuários convivem, participam de atividades diversas e, à noite, repousam. “A oferta de hospitalidade noturna significa que eles não estarão num hospital, mas terão todo cuidado de enfermagem necessário para que descansem. O sono é reparador para as células nervosas”, afirma Jeni. “Temos três quartos com camas convencionais. Um deles tem uma cama hospitalar, caso seja necessário administrar soro. Mas a ideia é oferecer o conforto do lar”, enfatiza. Não é a toa que os quartos são apelidados de “aconchego”. Aliás, todos os ambientes do Caps receberam nomes carinhosos, escolhidos pelos próprios usuários, como “Parada Obrigatória” para a recepção, e “Onde o sol brilha” para a farmácia. “Os transtornos psiquiátricos são crônicos, ou seja não têm cura. Mas se não podemos curar, podemos cuidar. E, aqui, vamos cuidar com dignidade, humanidade e respeito”, observa Odete.
O Caps Vida 24h integra a Rede de Atenção Psicossocial de Hortolândia, assim como o Caps-I (Infantil) e o Caps-AD (Álcool e Drogas). As três unidades atendem de portas abertas, ou seja, não é necessário encaminhamento médico para procurar atendimento.
A Rede de Atenção Psicossocial tem apoio, ainda, das UBSs (Unidades Básicas de Saúde), onde há uma equipe multidisciplinar, composta por enfermeiros, agentes comunitários de saúde, técnicos de enfermagem e médicos, que auxiliam na estruturação do atendimento em saúde e acompanham os pacientes. Após o diagnóstico, os casos mais graves são conduzidos para o Caps, onde recebem tratamento, como terapias e oficinas, além de acompanhamento médico, terapia ocupacional, assistência social e psicológica.
Mês da Luta Antimanicomial
A Prefeitura de Hortolândia preparou para este mês de maio uma série de atividades de mobilização e debates sobre questões relacionadas à saúde mental, em razão do Mês da Luta Antomanicomial. A programação que tem como tema “Saúde Humanizada: Direito de Todos”, pode ser conferida abaixo.
A Luta Antimanicomial é lembrada todo dia 18 de maio, data que teve origem em 1987, com o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, ocorrido em Bauru, reunindo mais de 350 pessoas da área de saúde mental em busca de uma experiência de desinstitucionalização da psiquiatria. O tratamento psiquiátrico, até então, se concentrava em internações hospitalares. Como resultado desta e de outras mobilizações, a Reforma Psiquiátrica foi aprovada em 2001, através da Lei Federal 10.216. Isso significa que o atendimento aos pacientes com transtornos mentais passou a ser acompanhado por uma rede de atenção psicossocial, estruturada em unidades de serviços comunitários onde cada paciente tem sua vida livre, participando de atividades terapêuticas e de reabilitação, sempre acompanhados da família.
Confira abaixo o calendário de ações do Mês da Luta Antimanicomial:
Data |
Atividade |
Horário |
Local |
21/05/2019 |
Cinedebate + Cinepsi Filme: O Solista
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13h30 às 17
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Salão UNASP |
22/05/2019 |
Ateliê Artístico |
08h30 às 12h |
Praça Chico Mendes |
23/05/2019 |
Dialogando com a Saúde Mental Tema: A pessoa que sofre |
13h30 às 17h
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Auditório Paulo Freire Rua: Euclides Pires de Assis, 150, Remanso Campineiro
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28/05/2019 |
Cinedebate + Cinepsi Filme: Nise: No coração a loucura
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13h30 às 17h |
Salão UNASP |
29/05/2019 |
CELEBR(ação) Um piquinique para celebrar a vida |
09h as 12h
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Jardim (UNASP) |