Merenda escolar garante emprego e renda para 300 mulheres de Hortolândia
Renda das cozinheiras representa R$ 3,6 milhões ao ano na economia local e movimenta setores de comércio e serviços
Todos os dias, as escolas públicas de Hortolândia servem merenda fornecida pela Prefeitura de Hortolândia: são 90 mil refeições, com arroz, feijão, carne, legumes, verduras e frutas, além de suco natural. Assim, o município garante a nutrição necessária para que todos os alunos tenham bom rendimento escolar. Além disso, o preparo da merenda emprega mais de 300 mulheres, que fazem com carinho estas refeições saborosas e encontram independência financeira. Este grupo de trabalhadoras, contratadas pela empresa Vivo Sabor, responsável pela merenda no município, movimenta R$ 3,6 milhões ao ano na economia da cidade, graças aos seus rendimentos mensais.
Eliete Ribeiro dos Santos, de 29 anos, mora no Jd. Estefânia e é cozinheira escolar. Ela conta que não tinha muita noção de preparo de refeições coletivas, mas que recebeu capacitação para atuar nas escolas atendidas com a merenda fornecida pela Prefeitura. “Aprendi a fazer as refeições e trabalho com muita alegria. Fico feliz em saber que as crianças têm a oportunidade de comer uma comida bem preparada, nutritiva e saborosa”, afirma. “Tenho uma filha pequena matriculada em escola municipal e, como os cardápios são padronizados, sei que ela come bem na escolinha”, destaca.
Sobre a possibilidade de ajudar no orçamento familiar com a renda que recebe no trabalho de cozinheira, Eliete diz que aproveita o dinheiro extra para passear com a filha. “Sempre vamos no centro de Hortolândia fazer compras, ou no Shopping”, comenta.
O salário médio das cozinheiras é de R$ 1.236,00, pouco mais de 1 salário mínimo, o que, de acordo com a economista da Prefeitura, Alessandra Rosa, corresponde a cerca de R$ 1 mil investidos na economia local por mês, na área de comércio e serviços. “No Brasil, as mulheres utilizam cerca de 81,8% da sua renda em despesas de consumo, como alimentação, aluguel, vestuário, entre outros. Isso significa que, levando em conta a renda das merendeiras, estas mulheres estão injetando na economia local cerca de R$ 300 mil ao mês e R$ 3,6 milhões ao ano”, calcula Alessandra. “Já o lazer consome cerca de 4% da renda, ou seja, R$ 176.400 ao ano. É um montante importante destinado à cinemas, entre outros serviços que colaboram, inclusive, para que elas descansem da rotina de casa e do emprego e levem uma vida mais leve e agradável”, enfatiza a economista. Os dados econômicos foram calculados com base na POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A cozinheira escolar Ticiana dos Santos da Silva, de 35 anos, é outra profissional que viu as condições financeiras melhorar graças ao trabalho com a merenda. “Antes eu fazia faxina. Era um trabalho pesado e cansativo. Agora, tenho um serviço prazeroso, que garante auxílio para o sustento da minha família. Trabalho feliz e acredito que isso colabora para que a comida das crianças saia ainda mais gostosa”, disse.
A diretora da Emef Lilian Cristiane Martins de Araújo, no Jd. Estefânia, Luci Grizante, enfatiza a importância do trabalho bem feito das cozinheiras. “Preparar a merenda é uma arte, uma trabalho muito bonito. Elas transformam os ingredientes em receitas saborosas e atrativas para as crianças. Preparar uma salada de tomates, por exemplo, pode parecer simples. Mas o modo de cortar, de temperar e servir faz com que os alunos se interessem pelo prato. Por isso, o papel da cozinheira escolar é importantíssimo”, destaca.
CARDÁPIO SEGUE RECOMENDAÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
Para garantir uma alimentação adequada, o Ministério da Saúde recomenda que os alunos comam cinco refeições com arroz e feijão por semana: a Prefeitura garante quatro delas. “Em quatro dias da semana temos arroz, feijão, carne, legumes, verduras e suco natural ou fruta. Em apenas um dia a refeição é macarrão com carne e molho, verdura e fruta de sobremesa, igual à comida que as famílias fazem em casa. Todos os cardápios são elaborados por uma equipe de nutricionistas, de forma que a combinação dos alimentos tenha a quantidade de nutrientes necessária”, enfatiza o nutricionista da Prefeitura Marlon Zanardi.
Neste mês de março, a Prefeitura iniciou um novo contrato do Programa de Agricultura Familiar, por meio do qual frutas, legumes e verduras, que já fazem parte da alimentação servida nas escolas, passam a ser comprados direto do produtor rural. Isso significa que os alimentos usados no preparo das refeições chegarão muito mais fresquinhos nas escolas.