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Oficina literária da Prefeitura, com escritor Walcyr Carrasco, reúne 400 pessoas

Oficina literária da Prefeitura, com escritor Walcyr Carrasco, reúne 400 pessoas

Roteirista orientou e motivou educadores a participar do Prêmio Professor Escritor 2017, promovido pela Academia Paulista de Letras, em parceria com a Administração

 

“Hortolândia, Território do Saber.” O slogan do Prêmio Professor Escritor 2017, realizado pela APL (Academia Paulista de Letras), em parceira com a Prefeitura, sintetiza bem a expectativa de quem  foi ao Jd. Sumarezinho, na última sexta-feira (22/09), assistir à oficina literária, ministrada pelo escritor, dramaturgo e roteirista Walcyr Carrasco. O evento, realizado na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, reuniu cerca de 400 pessoas, a maioria profissionais da educação ávidos por ouvir do imortal da APL orientações de como se tornar protagonista no mundo literário.

Carrasco veio a Hortolândia a convite da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia. Lançado no dia 12 deste mês, com inscrições abertas até o dia 11 de outubro, o Prêmio Professor Escritor 2017 é patrocinado pela revista Caras e pela Unimes (Universidade Metropolitana de Santos). 

Por cerca de uma hora, metade dela de bate-papo com a plateia, Carrasco compartilhou com os presentes sua própria história de vida. Contou como o garoto do interior, pobre, nascido em Bernardino de Campos e criado em Marília/SP, filho de ferroviário (telegrafista), conquistou espaço no mundo da literatura, tendo como madrinha a também escritora Ruth Rocha e, além de escrever dezenas de livros infantojuvenis, tornou-se dramaturgo e consagrado autor de telenovelas. Dois fatos foram decisivos, segundo ele, para, ainda criança, escolher o caminho das letras.

“Minha vizinha tinha uma coleção encadernada da obra de Monteiro Lobato e ela me emprestava para ler, quando eu tinha entre 11 e 12 anos. Foi nesta época que fiz a descoberta deste mundo maravilhoso. Decidi que queria ser escritor, quando li Monteiro Lobato. Mesmo pobre, meu pai aceitou minha escolha e me incentivou. Comprou para mim uma máquina de escrever. Botou o primeiro tijolo em minha carreira. Aceitou este mundo que não conhecia. Hoje, aos 65 anos, vivo como escritor e sou conhecido. Agradeço a eles por este apoio”, revelou.

Para os que desejam seguir a mesma trajetória, orienta que se tornar um bom leitor é essencial. “O hábito da leitura é criado, como qualquer hábito, como o de dirigir, por exemplo. Cria-se através de um sistema: deixar a pessoa ler e insistir um pouco mais. Se o livro tiver o encantamento que todo livro deve ter, é o próprio livro que vai fazer com que você, e também o seu aluno, pegue outro. Quando alguém começa a dirigir, é difícil usar o breque, trocar as marchas. Quando o hábito foi inserido, é como se fosse automático. A pessoa entra no carro, liga a chave e admira a paisagem. Com o livro é a mesma coisa. É preciso insistir e descobrir o seu método de fazer. O meu método não é o seu”, pondera. Aos que se preocupam com as escolhas do aluno, quando este opta por obras consideradas superficiais, sugere respeitar as escolhas e, aos poucos, oferecer a ele outras possibilidades. “Dá para analisar o método que ele usa a partir do hábito do aluno, o que há na cabeça dele. De que livro vai gostar? Dos que falem da realidade dele!”, argumenta.

Curioso, perguntou quantos dos presentes inscreveriam obras no concurso literário apoiado pela Prefeitura. Diante de temerosas mãos levantadas, aconselhou a todos os educadores a participar do desafio. “O legal é viver esta experiência. Vai ser bom participar. (Ao escrever) vamos repassando os mitos que aprendemos desde os contos de fadas. Neste auditório, quantos não se acham patinhos feios?”, questionou. “A literatura propõe ampliar o olhar sobre nós. Você escolhe o papel que quer viver. É isso que a educação e a literatura propõem: um olhar sobre a vida. Quanto mais livros, quanto mais possibilidades, mais se amplia”, argumenta Carrasco. “A vida do escritor não é objetiva, é por caminhos tortos. Escrever é profissão diferente. Só se deve tentar se, para você, for tão importante quanto respirar. É sempre bom ter uma segunda opção. São relações que se vai formando ao longo do caminho”, pondera Carrasco, que cursou Jornalismo e atuou por diversas vezes na área, quando ainda buscava reconhecimento na Literatura.

Para o secretário de Educação, Ciência e Tecnologia, Fernando Moraes, a presença de Carrasco contribuiu para qualificar os profissionais que atuam na rede municipal de Educação, oferecendo oportunidade de formação continuada. Foi também motivadora. “Tenho certeza de que, antes da oficina, muitos de nossos profissionais se perguntavam: será que vou conseguir? Além de motivá-los e compartilhar suas experiências como escritor, dramaturgo, novelista e imortal da Academia, um escritor em plena produção literária, Walcyr trabalhou também a questão a autoestima dos interessados em participar do Prêmio Professor Escritor”, destacou.

Um pouco mais sobre Walcyr Carrasco

Escritor, roteirista e dramaturgo, Walcyr Carrasco é conhecido do público brasileiro sobretudo pela obra na TV, com novelas e séries de sucesso, tais como “O Cravo e A Rosa” (2000), “Chocolate com Pimenta” (2003), “Alma Gêmea” (2005), “Gabriela” (2012), “Verdades Secretas” (2015) e “Êta Mundo Bom!” (2016), na Rede Globo, No site oficial do escritor, Carrasco destaca que “estreou como autor de novela com o folhetim ‘cortina de Vidro’, no SBT, na década de 80. Entre 1990 e 1991, escreveu três minisséries para a Rede Manchete. Na emissora, escreveu ainda a novela ‘Xica da Silva’ com Mário Teixeira, em 1996, após uma rápida passagem pela Globo”. Autor de livros, inclusive infantojuvenis, como o “Vida de Droga”, escreve também contos e crônicas, publicados em veículos de comunicação.

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